Na nossa “Maratona da Conexão Social”, o primeiro passo foi desvendar a linguagem, compreendendo as nuances entre solidão, isolamento social e conexão social. Agora que falamos a mesma língua, é hora de confrontar a realidade: qual é a verdadeira escala desse desafio global? O relatório “DA SOLIDÃO À CONEXÃO SOCIAL” nos oferece um panorama inédito e, por vezes, surpreendente, sobre a prevalência da solidão e do isolamento social em todo o mundo.
Este artigo mergulhará nos dados e estatísticas mais recentes, revelando quem é mais afetado, onde e como a desconexão social se manifesta em diferentes grupos populacionais e regiões. Ao entender a magnitude do problema, percebemos a urgência de agir e a importância de cada esforço para construir um mundo mais conectado. Prepare-se para uma visão clara da dimensão desse fenômeno que, como questionou Roz Maini, uma assistente social juvenil da Índia, “Solidão, talvez esteja lá para todos, certo? Existe na vida de todas as pessoas, certo?”
As estimativas mais recentes da OMS, baseadas em dados de 2014 a 2023, revelam que a solidão é um fenômeno generalizado. Aproximadamente 15,8% da população mundial, o que equivale a quase uma em cada seis pessoas, relatou sentir-se solitária. Este número, por si só, já acende um alerta sobre a urgência do tema.
Embora os dados sobre a prevalência global do isolamento social sejam mais limitados do que os da solidão, o relatório destaca que entre 25,0% e 33,6% das pessoas idosas em todo o mundo experimentaram isolamento social entre 1990 e 2022. A pandemia de covid-19 exacerbou essa realidade, com o isolamento social e a solidão em idosos aumentando para 31,2% e 28,6%, respectivamente, durante esse período.
A experiência de Katsumi Tsuchiya, uma pessoa idosa japonesa que vive sozinha, ressoa com essa realidade: “Quando fiquei sozinha, após meu marido e meu filho morrerem, mesmo entre meus irmãos havia aqueles que me entendiam e aqueles que não. Mas às vezes até estranhos podem entender o que meu coração está sentindo.” Sua fala ilustra como a perda e a ausência de laços familiares podem levar ao isolamento, mas também como a conexão pode surgir de fontes inesperadas.
O relatório da OMS enfatiza que a desconexão social não é distribuída aleatoriamente. Populações que enfrentam marginalização devido ao estigma estrutural são desproporcionalmente mais afetadas. Isso inclui:
As evidências sobre as tendências de longo prazo da solidão e do isolamento social são mistas e limitadas. Embora haja um aumento notável no número de domicílios de uma única pessoa em muitas regiões, isso não se traduz universalmente em um aumento da solidão. A pandemia de covid-19, com suas medidas de distanciamento, causou um aumento temporário na prevalência da solidão, mas o quadro geral é complexo, com variações significativas por país e faixa etária. A OMS ressalta a necessidade urgente de dados longitudinais mais robustos e de um monitoramento regular para compreender verdadeiramente as tendências e seus impulsionadores.
Quantas pessoas no mundo se sentem solitárias de acordo com a OMS?
Entre 2014 e 2023, aproximadamente 15,8% da população mundial, ou seja, quase uma em cada seis pessoas, relatou sentir-se solitária.
Quem são os mais afetados pela solidão por faixa etária?
Adolescentes (13-17 anos) e jovens adultos (18-29 anos) são os grupos com as maiores taxas de solidão, contrariando a ideia de que a solidão afeta principalmente as pessoas idosas.
A renda de um país influencia a prevalência da solidão?
Sim, o relatório mostra um claro gradiente: países de baixa renda têm as maiores taxas de solidão, enquanto países de alta renda apresentam as menores.
Quais grupos populacionais são desproporcionalmente afetados pela desconexão social?
Pessoas com deficiência, a comunidade LGBTIQ+, migrantes e refugiados, e cuidadores são alguns dos grupos que enfrentam maiores taxas de solidão e isolamento social devido a estigmas e barreiras estruturais.
A pandemia de covid-19 aumentou a solidão globalmente?
Sim, a pandemia causou um aumento temporário na prevalência da solidão e do isolamento social, especialmente entre as pessoas idosas, devido às medidas de distanciamento. No entanto, as tendências de longo prazo são complexas e variam por região.
Compreender os impactos devastadores da desconexão social reforça a urgência de agir. Mas como podemos, de fato, combater esse p
Compreender a escala do problema da solidão e do isolamento social é um passo crucial para reconhecer sua urgência e impacto global. Mas o que está por trás desses números? Quais são os fatores que impulsionam essa desconexão que afeta milhões de vidas? No nosso próximo artigo, mergulharemos nas “causas e fatores de risco/proteção”, explorando as complexas interações que levam à solidão e ao isolamento social, desde influências históricas e tecnológicas até aspectos individuais, comunitários e sociais. Você descobrirá como a modernidade, a tecnologia digital e até mesmo a cultura podem moldar nossas experiências de conexão.
roblema em larga escala? No nosso próximo artigo exploraremos as “Soluções em nível social: advocacy, campanhas, redes e coalizões”. Você descobrirá como a mobilização de esforços coletivos, a conscientização pública e a formação de parcerias estratégicas são essenciais para construir um futuro mais conectado e saudável.
A solidão e o isolamento social não são meros sentimentos passageiros ou problemas individuais, são desafios de saúde pública de proporções globais, afetando milhões de pessoas em todas as idades e em todas as regiões do planeta. Os dados da OMS revelam uma realidade complexa, onde os mais jovens e as populações em contextos de menor renda são desproporcionalmente impactados, e onde grupos marginalizados enfrentam barreiras adicionais à conexão. Reconhecer a escala desse problema é o primeiro passo para mobilizar esforços e recursos. Ao trazer à luz esses números e as histórias por trás deles, o programa “Tempo de Encontro em Solidão” busca fomentar uma compreensão mais profunda e inspirar ações coletivas para construir sociedades mais conectadas, onde a saúde social seja tão valorizada quanto a saúde física e mental.
Todo o conteúdo apresentado neste artigo é baseado, exclusivamente, no relatório “Da solidão à conexão social – traçando um caminho para sociedades mais saudáveis”, produzido pela Organização Mundial de Saúde – OMS.